Bernardo, advogado da Equipe de Litígios da Uber no Brasil, acaba de ser nomeado um dos melhores advogados LGBTQ+ com menos de 40 anos pela National LGBTQ+ Bar Association, por seu trabalho jurídico e profundo compromisso com a igualdade LGBTIQA+. Bernardo defende a representação e a inclusão LGBTIQA+ em toda a região e também aqui na Uber, e a paixão dele transparece em tudo o que faz.
Questionar sempre foi um hábito frequente na minha trajetória, inclusive enquanto criança. Ainda que insistissem para que eu me portasse “como uma menina”, eu não entendia o porquê de alguém ter de se submeter a certos comportamentos apenas para satisfazer outras pessoas.
Com a adolescência, já que eu parecia ser tão diferente, a sociedade sentiu uma necessidade incontrolável de me classificar. O fato de me relacionar com pessoas, independentemente de identidade de gênero ou sexo designado no momento do nascimento, nunca me pareceu estranho. Muito pelo contrário, a ideia de que o meu afeto deveria estar relacionado ao gênero oposto me incomodava. Diferente da minha orientação sexual, que sempre foi bem resolvida, eu vivia com a constante angústia de não saber quem eu era.
Não saber sua própria identidade não afeta apenas sua autoestima, mas prejudica toda a sua relação com o mundo. Em um cenário em que eu não tinha conhecimento sobre o porquê dos meus desconfortos, a razão das minhas escolhas e a motivação dos meus medos, poucas coisas e situações despertavam o meu interesse. Não sei se pelo caráter disruptivo, urgência por inovação ou valorização da diversidade, mas a Uber foi uma delas.
Para uma pessoa que nasceu, cresceu e viveu a vida inteira em Manaus, no norte do Brasil, e em um mundo completamente distante das empresas de tecnologia, entrar pela porta do escritório da Uber em São Paulo, para trabalhar no time jurídico e sem que ninguém tivesse questionado o fato de eu não ter “cara de advogado”, foi um marco simbólico. Trabalhando na Uber, entendi que a mudança e a aceitação eram possíveis no mundo, e que era hora de ser feliz expressando ao mundo quem eu realmente sou.
Soube da existência do Pride at Uber, grupo de afinidade interno voltado a questões da comunidade LGBTQIA+. Fiz voluntariado para auxiliar nos projetos e me tornei parte da equipe que trabalhava com inclusão de pessoas trans internamente. Obra do destino ou não, eu acordava, trabalhava, comia e dormia pensando em como meus sentimentos finalmente estavam mais nítidos. Até que, em uma roda de conversa com pessoas trans do trabalho, me senti seguro para falar que eu era uma delas. Caí em um choro preso há mais de um quarto de século, e fui abraçado intensamente.
Ser recebido sem julgamentos, trabalhar em um time diverso e sentir que as pessoas me valorizam por ser exatamente quem eu sou, mudou minha vida e me deu força para passar por todos os desafios diários de ser uma pessoa trans no Brasil. A Uber me ensinou que só é possível promover oportunidade ao colocar o mundo em movimento quando conhecemos e ouvimos pessoas com diferentes experiências e vivências. world in motion.
Hoje, quatro anos depois de iniciar minha transição de gênero, tenho a honra e o privilégio de estar coliderando o ERG Pride at Uber na América Latina, trabalhando em diversos projetos para promover o respeito e a inclusão para as comunidades LGBTQIAP+ internas e externas na Uber, ao impulsionar os negócios e permitir alianças genuínas.
Quando saí da minha cidade, eu não era próximo de pessoas trans, e não sabia quem era João W. Nery, Marsha P. Johnson, Laerte Coutinho e tantas outras pessoas trans guerreiras que lutaram e que seguem lutando diariamente por nosso direito de viver. Se hoje eu posso celebrar essa data e a coragem de tantas pessoas de viverem aberta e autenticamente, além de poder conscientizar sobre a discriminação que minha comunidade ainda enfrenta, é por causa de todas essas pessoas que me antecederam e que lutaram para que nossos corpos ocupassem os espaços que antes só nos rejeitavam.
É essencial falar sobre visibilidade para ser, existir e resistir, em uma sociedade cheia de preconceitos, na qual os direitos ao trabalho, à saúde, à proteção legal e à moradia não são respeitados.
Ninguém deveria temer por sua vida simplesmente por ser quem é. Por isso, convido você a buscar informações, auxiliar na conscientização, não reproduzir transfobia, respeitar o nome social e os pronomes de preferência e, principalmente, nos ver como realmente somos. Podemos estar nas ruas, no seu trabalho, ou ser parte da sua família. Visibilidade traz esperança, e minha comunidade precisa disso.
Publicado por Uber
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