

Conheça Camilo Cueto, Engenheiro de Software II na equipe de repasses de ganhos de entregadores parceiros e reportes de estabelecimentos da Uber, em Santiago, Chile. Em poucos anos, ele deixou de criar soluções para um grupo pequeno de usuários e passou a desenvolver sistemas usados por milhões, em tempo real. Neste blog, Camilo reflete sobre sua trajetória até entrar no mundo dinâmico das big techs, os aprendizados ao lidar com a cultura ágil da Uber e os desafios de tomar decisões rápidas e em escala global diante de cenários incertos e complexos.
O caminho até aqui
“Quando consegui meu primeiro emprego em uma grande empresa de tecnologia no final de 2023, estava empolgado e tomado pela síndrome do impostor. Eu tinha saído de uma pequena empresa local de software para trabalhar em uma companhia internacional da área de saúde, onde a escala do meu trabalho disparou: de algumas centenas de usuários por dia para algumas centenas por segundo.
Em poucos meses, me tornei Engenheiro Sênior, não porque estivesse totalmente pronto, mas porque a liderança precisava que eu assumisse esse papel. Grande parte disso foi sorte: estar no lugar certo, na hora certa. Mas também me orgulho de ter agarrado a oportunidade e me dedicado para corresponder às expectativas. Com o tempo, porém, percebi que tinha chegado a um limite de crescimento na área da saúde.
Mais adiante, quando entrei na Uber, voltei a sentir na pele o quanto eu ainda não estava preparado para trabalhar em uma gigante global de tecnologia. O processo seletivo foi desafiador e me testou em todas as áreas do desenvolvimento de software. Depois de bastante estudo e prática, fiquei muito feliz ao receber uma proposta!
E lá estava eu, com um empregaço numa big tech, todo confiante de que conseguiria me adaptar como antes, certo?
Como encontrei calma em meio ao caos
Em algumas das minhas experiências anteriores, o ciclo de implantação levava meses, com pelo menos cinco ambientes diferentes para testar estabilidade e integração em diferentes níveis. No meu primeiro dia na Uber, fiquei em choque ao descobrir o ritmo de implantação da empresa. “Como assim vocês implantam a cada dois minutos?!”. A ideia de atingir milhões de usuários sem diversas camadas de validação me apavorava.
Minhas experiências passadas me ensinaram cautela. O ritmo da Uber me ensinou agilidade. Esses dois extremos transformaram minha forma de atuar como engenheiro. Aprendi que o medo é um ótimo motivador quando sua base de usuários é de milhões, mas a velocidade também é, especialmente em um mercado competitivo como o nosso.
Cada linha de código traz o risco real de provocar um estrago enorme. Por isso, tudo é controlado com indicadores de funcionalidade. Cada mudança precisa ser como uma cirurgia precisa, evitando cortes desnecessários. Código legado exige respeito.Na Uber, projetos são concebidos, desenvolvidos e lançados em poucas semanas. Às vezes, em apenas uma. Antecipar o que pode dar errado, quem ou o que pode ser um obstáculo e como navegar pela imensa infraestrutura da empresa é uma habilidade por si só. Trabalhar nesse ritmo cria memória muscular. Dominar isso é saber se antecipar às falhas.
O engenheiro incompleto
Na Uber, parei de ser apenas um desenvolvedor de software e me tornei um verdadeiro engenheiro de software, assumindo não apenas o código, mas cada etapa da solução.
Antes, eu podia contar com um analista de dados para dimensionar o problema, um analista de negócios para estruturar a questão, um arquiteto para planejar a implementação e um engenheiro de testes para validá-la.
Agora, esses papéis estavam todos reunidos em um só: engenheiro de software. Tive que ampliar meu conjunto de habilidades, assumindo a responsabilidade desde a ideação até a implantação e além.Isso não significa que fazemos tudo do zero. Temos muitos especialistas com os quais podemos contar quando necessário. Mas, como engenheiros, é nossa responsabilidade participar ativamente e direcionar a maioria das etapas do desenvolvimento e nos sentimos realmente motivados a fazer isso.
Abraçando a incerteza
Na Uber, ter certeza é um luxo. Problemas complexos não têm soluções claras e é isso o que os torna tão desafiadores. Estamos construindo o avião enquanto o pilotamos e essa é a grande viagem disso tudo.
Como engenheiros, adoraríamos poder parar o mundo enquanto desenvolvemos o recurso perfeito. Mas a realidade sempre bate à porta: prioridades comerciais mudam, problemas de implementação surgem do nada, stakeholders têm demandas conflitantes, dependências se atrasam ou, o pior de tudo, você acaba bloqueado por uma equipe responsável por um serviço essencial.
A incerteza pode ser algo eletrizante ou exaustivo, dependendo do dia. É uma chance de mostrar experiência e criatividade ou um pesadelo onde o chão pode se abrir a qualquer momento.
Este é o gato de Schrödinger dos projetos de software: até ser entregue, o projeto é tanto um grande sucesso quanto um trabalho em andamento, ou seja, o resultado ainda é incerto.
Evitar que as coisas desmoronem é cansativo, mas também gratificante. A liberdade que a incerteza oferece abre espaço para soluções criativas. É aterrorizante e emocionante ao mesmo tempo.
Para mim, esse tem sido o verdadeiro desafio de trabalhar na Uber: aprender a viver na entropia. No começo, foi desconfortável. Um ano depois, estou conseguindo me adaptar e progredir com sucesso.
O futuro
Quando entrei na Uber, achava que sucesso significava entender como era o funcionamento do software. O que eu não sabia era que o software é a parte mais fácil do desenvolvimento de software.
Crescer é olhar para trás e perceber que você ainda não sabia de quase nada.
Na Uber, ser engenheiro de software vai além de escrever código: envolve assumir a responsabilidade e a prestação de contas durante todo o ciclo de vida do projeto. Navegar pelas incertezas e complexidades da função aprimorou minhas habilidades de resolução de problemas e me ensinou o valor da adaptabilidade.
Estou empolgado para o que vem por aí. Este ano provavelmente vai me marcar tão intensamente quanto os anteriores, mas se tem algo que a Uber me ensinou, é que sempre saio mais forte e capacitado como engenheiro.”
Publicado por Stephani Domako
Come reimagine with us
Artigos relacionados
Produtos
Empresa