Plataforma Uber Movement permite ver tempo médio das viagens em São Paulo desde 2016  

São Paulo, 24 de abril de 2019 – A Uber lançou nesta quarta-feira (24) em São Paulo uma plataforma de compartilhamento de dados que disponibiliza o tempo médio dos percursos entre centenas de áreas da região metropolitana, calculado a partir das viagens intermediadas pelo aplicativo nos últimos três anos.

São Paulo é a primeira cidade do Brasil a entrar na plataforma, que foi apresentada durante evento com técnicos e pesquisadores da área de mobilidade. Os dados podem ser acessados por meio de um site público e gratuito em movement.uber.com.

“O objetivo do Movement é contribuir com o trabalho de gestores públicos, planejadores urbanos, pesquisadores e interessados em mobilidade. Usando insights obtidos com os dados, é possível avaliar com eficiência o impacto de diferentes políticas e tomar decisões fundamentadas sobre investimentos em infraestrutura”, afirma Ivo Corrêa, diretor de regulação da Uber na América Latina.

As informações apresentadas no site são calculadas a partir dos dados anonimizados e agregados dos bilhões de viagens intermediadas pela Uber, seguindo metodologia criada para garantir que nenhuma informação permita identificar o comportamento ou a identidade de usuários ou motoristas parceiros específicos.

No Uber Movement, qualquer pessoa pode realizar consultas e conferir o tempo médio de duração das viagens, além de máximos e mínimos, com filtros que permitem comparar períodos do dia, dia da semana ou datas específicas. São mais de 267 mil combinações possíveis de viagens entre 517 áreas nos 39 municípios da Grande São Paulo.

Pelo site é possível medir o tamanho do impacto de acontecimentos recentes no deslocamento das pessoas, como, por exemplo:

  • Durante o bloqueio parcial causado pelo viaduto que cedeu na marginal Pinheiros, as viagens dos Jardins para Alphaville ficaram 87% mais demoradas considerando o pico da tarde, nos dias úteis, de dezembro em relação à outubro.
  • Na primeira sexta-feira da greve dos caminhoneiros de 2018, os percursos de Pinheiros a Tamboré ficaram, em média, 26% mais rápidos em relação à semana anterior.
  • Quem foi de carro do Ibirapuera para Osasco levou 95% mais tempo na tarde de 20 de março de 2018, quando caiu uma tempestade na capital, na comparação com a semana anterior.

Além das visualizações, o site disponibiliza bases agregadas para download, com dados de hora em hora, de 2016 a 2018 – recurso não encontrado em outros produtos que exibem informações do trânsito em tempo real, mas não permitem buscas em datas passadas.

O Movement permite ainda comparar o trânsito das mais de 20 cidades que fazem parte da plataforma, de Nova York a Sydney, de Londres a Joanesburgo.

É possível checar, por exemplo, que em março de 2018 uma viagem de carro, no pico da manhã, do aeroporto internacional ao centro financeiro da cidade levou, em média, 1h11min em São Paulo, 33 minutos em Nova Délhi e 1h17min em Londres.

A plataforma será atualizada com novos dados periodicamente – é necessário um tempo de processamento até os dados de 2019 serem adicionados – e está em constante aprimoramento com base em sugestões de especialistas. Nos próximos meses, o site vai exibir a velocidade média, em km/h, em segmentos de ruas e avenidas, permitindo análises ainda mais detalhadas.

“Continuaremos trabalhando para adicionar mais cidades do Brasil na plataforma, desde que exista número suficiente de viagens para que os dados possam ser agregados”, afirma Corrêa.

PESQUISA

Com a missão de explorar as possibilidades de pesquisa com os dados do Uber Movement, a Fipe realizou um estudo que também foi apresentado no evento desta quarta-feira.

Os pesquisadores criaram um um indicador inédito que permite acompanhar a evolução dos congestionamentos em toda a Grande São Paulo, não só na capital. O índice revela o quanto o trânsito deixou os deslocamentos mais demorados em relação ao que seria possível com tráfego livre. A pesquisa identificou uma redução no período: o índice foi de 39,6% em 2016, 33,5% em 2017 e 31,4% em 2018.

O estudo da Fipe foi coordenado por Eduardo Haddad, professor titular do Departamento de Economia da FEA/USP. Os pesquisadores analisaram um total de 26,3 mil horas de trânsito desde 2016 – caso fosse uma única planilha, o banco de dados utilizado seria uma tabela com 3,7 bilhões de células.

“O resultado é uma medida simples e intuitiva que pode ser utilizada para a análise e o entendimento de diversas questões relacionadas aos congestionamentos urbanos”, explica Haddad. O indicador será atualizado para seguir monitorando a evolução do trânsito.

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Como forma de validar a metodologia e os resultados do índice, a Fipe os comparou com dados oficiais de lentidão da CET, chegando a um alto grau de correlação, ou seja, os dois apontam as mesmas tendências. “Mesmo nos dias sem nenhum quilômetro de lentidão na CET, o índice de congestionamento é de aproximadamente 17,5%. Uma possível explicação para isso é que o indicador oficial considera apenas as vias principais da cidade, já o índice o Uber Movement abrange implicitamente todas as vias da cidade”, afirma Haddad.

O índice de congestionamento também foi usado pelos pesquisadores para examinar o impacto de diferentes acontecimentos no trânsito e calcular estimativas. Alguns dos principais resultados encontrados na pesquisa são:

  • Nos dias após o bloqueio parcial da marginal Pinheiros devido ao colapso de um viaduto, em novembro de 2018, o índice de congestionamento aumentou, em toda a cidade, cerca de 5,1 pontos
  • Durante a greve dos caminhoneiros de 2018, que provocou falta de combustíveis nos postos, o índice de congestionamento caiu 9,4 pontos em toda a cidade
  • Nos dias com registro de chuva acima de 0,1 mm por hora, a lentidão do trânsito é em média 3,9 pontos maior do que nos dias sem chuva
  • Cada morador da região metropolitana que circula de carro ficou, em média, 23min24s por dia útil preso no trânsito entre 2016 e 2018
  • Nos dias de jogos do Brasil na Copa de 2018, o índice de lentidão ficou, em média, 11,3 pontos abaixo do usual
  • Nas férias escolares e feriados, os congestionamentos ficam bem abaixo da média. A redução chega ser de 9,6 pontos percentuais nas férias e 20,8 pontos nos feriados
  • Na comparação com as segundas-feiras, os domingos têm índice 22,4 pontos menor, enquanto às sextas observa-se um aumento de 9,5 pontos