São Paulo, 22 de maio de 2023 – Trabalhadores por aplicativo querem manter a autonomia para decidirem como e quando atuar pelas plataformas de mobilidade e entrega, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para a Uber e o iFood. O estudo, que ouviu motoristas e entregadores de todo o Brasil, concluiu que 9 em cada 10 (89%) aprovam ter mais proteção no trabalho desde que possam continuar a atuar em múltiplas plataformas ao mesmo tempo, além de escolherem quais viagens querem realizar.

A pesquisa identificou que a maioria (76%) deseja continuar a trabalhar com os aplicativos. Quando perguntados sobre direitos e benefícios, 7 em cada 10 motoristas e entregadores (68%) concordariam em contribuir com a Previdência caso as plataformas automatizem o processo por meio da tecnologia.

O Datafolha ouviu aleatoriamente 2.800 motoristas e entregadores parceiros da Uber e do iFood, com cadastros ativos e atuando pelas plataformas, entre os meses de janeiro e março deste ano. O relatório da pesquisa está disponível abaixo. 

Previdência

Ao todo, 30% dos motoristas e entregadores contribuem com a Previdência Social por meio de outras ocupações de trabalho e 25% dizem realizar essa contribuição como profissional autônomo, em modelos como o MEI (Microempreendedor Individual), por exemplo.

Por outro lado, 1 em cada 3 trabalhadores (36%) declara não contribuir com nenhum plano de previdência pública ou privada. O principal motivo apontado por eles é o custo (34%), seguido da burocracia (21%) e da falta de conhecimento (19%).

Especificamente a respeito do MEI, 68% dizem conhecer a modalidade embora não usem. Dentre as razões apontadas para não contribuir com o valor fixo, quase um terço dos trabalhadores afirma que o motivo é a variação dos seus ganhos nas plataformas. 

Embora uma parcela significativa não tenha acesso à cobertura previdenciária, as maiores preocupações de médio e longo prazo dos trabalhadores de aplicativos, de acordo com o Datafolha, estão relacionadas à perda de renda e questões de saúde que impossibilitem o trabalho. Para os motoristas, no topo da lista estão: a manutenção dos veículos (57%), o medo de assaltos (48%) e perder a renda em caso de acidentes (46%). Entre os entregadores, as preocupações passam pela perda da renda após acidentes de trânsito (48%), serem descadastrados das plataformas (44%) e a manutenção do veículo (42%).

Do total de entrevistados, 7 em cada 10 afirmam (68%) que contribuíram para o INSS com certeza ou provavelmente caso as plataformas recolhessem automaticamente suas contribuições. 

Vínculo

A pesquisa revela que a maioria absoluta (75%) dos trabalhadores prefere manter modelo atual em comparação a uma eventual contratação em regime CLT que impossibilite a autonomia e flexibilidade que têm hoje, quando podem, por exemplo, definir seus horários e escolher as viagens que desejam realizar. Mas 89% concordam que é preciso garantir mais proteção social e certos direitos, como a própria cobertura da Previdência, desde que não interfiram na flexibilidade.

O Datafolha também investigou a preferência dos trabalhadores sobre o modelo de trabalho com aplicativos independentemente da classificação entre autônomo ou CLT. Como resultado, 91% responderam preferir o modelo que tenha: flexibilidade em vez de horários determinados; liberdade para recusar viagens em vez de obrigatoriedade e controle; possibilidade de trabalhar com vários apps em vez de exclusividade; proteção social em vez de todos os benefícios CLT; e  renda proporcional ao trabalho realizado em vez de salário mínimo.

A modalidade de trabalho intermitente também foi investigada pelo Datafolha: 7 em cada 10 (70%) trabalhadores responderam que o modelo não atende às suas necessidades.

Renda

De acordo com a pesquisa, 5 em cada 10 entrevistados têm os aplicativos como complemento de renda, enquanto a outra metade aponta os apps como a única fonte. Independente de outra ocupação, 79% dizem que as plataformas são fonte de renda fundamental para o mês.

Entre os motivos pelos quais escolheram as plataformas para dirigir ou realizar entregas, a maioria dos motoristas ressalta a flexibilidade e autonomia (85%) e a geração de renda para projetos pessoais ou de familiares (85%), além da chance de trabalhar sem a supervisão de um chefe ou gerente (73%).

Os entregadores também citaram a flexibilidade e autonomia (90%) e a possibilidade de realizar projetos (91%), mas também o fato de terem o controle do próprio futuro financeiro (84%) e uma renda extra (84%).

“A pesquisa oferece dados para ampliarmos a compreensão sobre os desafios e oportunidades em relação ao trabalho em plataformas digitais no Brasil. As preferências desses trabalhadores, indicadas no estudo, apontam para a importância da construção de uma política pública que garanta mais proteção sem prejudicar a liberdade e a geração de renda de milhões de pessoas”, afirma Rafael Alloni, gerente de Relações Governamentais da Uber.

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Metodologia: pesquisa quantitativa com abrangência nacional e coleta de dados através de questionário estruturado com autopreenchimento pelos respondentes, convidados a participar por e-mail, com link para o questionário individual enviado a uma listagem aleatória de parceiros ativos na Uber e no iFood. A amostra é composta por​ 1.800 motoristas cadastrados na Uber e 1.000 entregadores no iFood, com margem de erro máxima para o total da amostra de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%. Os entrevistados não foram informados sobre os nomes das empresas que contrataram a pesquisa em nenhum momento.